quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Menos um pra conta

   Vamos dizer que as coisas não andam muito bem. Vamos dizer que não tá nada bem. Essa época de final de ano é sempre um sacrifício pra mim em todos os sentidos. Não sei lidar com esse momento reflexivo que paira nas pessoas, nem, principalmente, em mim.
   Creio que, dessa vez, as coisas estão demorando a fazer sentido. Esse ano, assim como nesses últimos quatros anos, as coisas estão pesando demais e os ombros não estão resistentes como antes para aguentar. As decepções e a sensação de solidão estão sempre me acompanhando e, as vezes, eu me rendo a elas. Tentei por todos esses anos não me abalar com tantas provações, mas cai na tentação e desde então meu deserto está cada vez mais longe de chegar ao fim.
   Um dos piores sentimentos é se sentir confusa. Não saber o que quer ou saber, mas não ter certeza. Logo eu, a rainha da razão, a proprietária da certeza. Acho que por ter tentado de tudo, sempre ter dado chances para que as coisas possam mudar e não enxergar a mudança, foi batendo um desespero em mim e cheguei onde estou hoje. Isso pode ser bom ou ruim. Serve como aprendizado, mas queria aprender sem precisar sofrer, sabe?
   Hoje, não consigo avistar nada de bom pra mim e nem ter esperanças em que algo possa acontecer e que mude esse meu ponto de vista. É ruim demais perceber que virei o que mais temia: rancorosa, triste e desmotivada. Motivos eu tenho, sim, mas tentei tanto lutar contra cada um deles e perceber que perdi a batalha está sendo complicado de aceitar. É normal não se reconhecer mais?
   Estava relendo os meus textos sobre despedidas e, atualmente, me deparo na mesma situação. Sonhei tanto em passar no vestibular, cursar o curso que eu queria, na minha cidade, e agora, depois que tudo isso se concretizou, eu não estou me sentindo 100% realizada. Claro que durante esse tempo na universidade muita coisa aconteceu, mas eu sempre tentei ser otimista e motivar meus colegas para não desistir e quem acabou desistindo fui eu. Vamos dizer que o golpe foi duro e atingiu a parte mais sensível do meu corpo: meu coração. Me sentia preparada pra tudo, mas sentir a maldade tão próxima me golpear daquele jeito foi fatal. Lembrei do quanto eu estava feliz pelas primeiras aulas, por tudo de novo que estava acontecendo, pelo estudo, pelos novos amigos. Lembrei do quanto eu estava empolgada, determinada e focada naquilo que eu queria, no sonho de me tornar a profissional que não enxergo mais em mim. Hoje saio da universidade com o coração apertado, com a sensação de que falta alguma coisa, mas consciente que tudo tem seu fim. Hoje saio como sai da escola há 5 anos atrás: medrosa, ansiosa, mas torcendo para que o próximo passo seja o melhor para mim.
   Um novo ano está chegando e as dúvidas e o medo não me deixa ter pensamentos positivos em relação a isso. Eu só tô cansada das rasteiras da vida e gostaria de aproveitar o lado bom das coisas. Eu só gostaria de confiar de novo, de acreditar nos outros e em mim. Confiança, segurança, fé, paciência, sabedoria, saúde e amor. É isso eu desejo, porque é isso que falta na minha vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário