terça-feira, 17 de maio de 2016

   Eu queria - juro que queria -, mas algo vai além. Aceitar a realidade é dar adeus ao sonho. Como água e óleo, os dois não podem se misturar. E por mais que eu corra na direção, algo me impede de chegar ao meu objetivo. Cai, levantei. E esse ciclo vem se repetindo há um bom tempo.  Até que de tanto cair, não estou conseguindo me levantar mais. A desesperança tomou conta de mim. Estou no deserto e a unica fonte de água está cada vez mais distante. Ao meu redor, só ouço palavras duras que volta e meia dançam no vento em torno da minha cabeça. O medo, a fome de viver, a sede de lutar. Me transformei em poeira. Insisto em continuar no lugar de onde me varreram. Insisto, pois, a ilusão de que terei um final feliz é maior do que o presente, que não foi o que escolhi. Ora, eu não sou uma mocinha de conto de fadas. Eu existo! E só por existir, devia conseguir enxergar em si o brilho e a vontade de ser, quem sabe, a mocinha que tanto sonhou.

sábado, 7 de maio de 2016

Desistência

   Todo dia virou uma luta. Acordar, ter todos os motivos para nem se quer sair da cama, mas alguma coisa a faz levantar e viver. Viver, que as vezes parece tão difícil, se torna a única opção que lhe cabe. Sonhar, que sempre foi sua maior alegria, hoje o medo lhe impede de sair um pouquinho do chão. 
   Por trás de tanto sorriso, existe alguém cansado de ser quem é. Quem me ver sorrindo por aí, não sabem o quanto é difícil continuar de pé, depois de tudo. Depois das humilhações, depois dos deboches e da maldade alheia. Entenda: para uma pessoa que sempre acreditou que "você recebe o que dar", ver tanta gente agindo de má me assustou. Assustou, porque apesar de todos os defeitos que eu tenho, uma coisa que eu posso afirmar é que nada do que eu faço tem uma intenção ruim. Talvez seja o problema. De tanto "sem querer" e desatenção as coisas aconteceram e nem todas tiveram finais felizes. 
  Há um misto de felicidade e tristeza, que uma hora ou outra me domina. Lidar com sentimentos inconstantes assim não é fácil, por isso que muitas vezes me escondo. Alegria contagia, tristeza também. E de tanto esconder, fingir que está tudo bem, algo explodiu dentro de mim. Definitivamente, não está tudo bem. 
   Ando para todos os lados, mas a vontade de desistir continua surgindo na minha frente. Ultimamente, me sinto uma palhaça que perdeu a graça (e todas as comparações ridículas possíveis haha). Me sinto esgotada de tanto me doar e só receber patadas em troca. De tanto querer a felicidade do outro, perdi o caminho a minha. Parece que sou um depósito de histórias e angústias dos outros. O fardo do outro está pesando mais em mim do que nele.  De tanto querer ajudar, agora sou eu que preciso de ajuda.
  Tem horas que me sinto completamente sozinha. Sozinha com quem eu queria ser, com quem eu sou e com quem não serei mais. São tantos 'não', tantas expectativas sendo frustradas, tantos sonhos sendo deixados de lado. Surge aquela vontade de quando se é criança, de sair correndo e se esconder só pra ver quem te acha primeiro. 
   Não consigo entender porque cobramos tanto do outro algo que nem nós conseguimos realizar, seja o que for. Não consigo aceitar que ainda existem pessoas que fazer de tudo para que o outro seja tão infeliz quanto ele. Não consigo acreditar quando vejo alguém que diz que ama, agindo de má fé com o ser amado. As pessoas não sabem mais demonstrar que ama, é isso?
  Depois de tanta exaustão, aconteceu o que eu menos esperava: me tornei um nada. Não reconhecia quem via no reflexo do espelho. São tantos medos, tantas dúvidas, tantas angústias, já ofereci as duas fases e ainda parece insuficiente aos que me atentam. Percebi que a luta que enfrentava não era contra o mundo, era, principalmente, contra a mim mesma. Pior do que esperar do outro e se decepcionar, é frustrar-se com si mesma.  
  Por isso, não achem estranho o meu silêncio. As vezes, precisamos nos calar para ouvir o coração. É na esperança que um dia será melhor que o outro que continuo acreditando que esses sentimentos ruins vão cessar. Muitas pessoas dependem de mim e saber que estou ajudando alguém trás uma sensação de "dever cumprido", mesmo que alguns aproveitem da minha boa vontade. Não é culpa minha se a pessoa não sabe cuidar do que possui. Uma lição que a vida me ensinou foi enxergar algo bom nas pequenas coisas e acreditar que tudo vai melhorar. É isso que ainda me mantém viva. 
   Estava lendo a bíblia quando me deparo com a seguinte passagem: "Feliz o homem que suporta a tentação. Porque depois de sofrer a provação, receberá a coroa da vida que Deus prometeu aos que os amam." (Tiago 3, 12-15). E desde então, sinto como se Alguém estivesse me colocando no colo e curando as minhas feridas, uma a uma. E está!


Mas tu sabes também
Que o meu choro é sincero porém
Não tenho nada a oferecer, meu Senhor
Mas te dou a minha vida

É tudo que tenho
Recebe o meu nada
Refaz a morada
Habita em mim
(Minha essência - Thiago Brado)