sábado, 1 de outubro de 2016

Irmandade

   Cá entre nós: você ser mais velha do que eu, só se for na idade mesmo, porque de resto, a gente sabe quem é a mais velha da família aqui. Com você, conheci o verdadeiro significado da palavra intensidade. “O meu oposto”, como gostamos tanto de referir uma à outra, sempre fez sentido quando o assunto é a gente.
   Sorte a minha de ter alguém pra compartilhar qualquer coisa. Sorte a minha de saber que mesmo longe, vai está sempre perto de mim. As nossas diferenças nos une ainda mais, porque sabemos que são elas que nos completam.
   Tem briga, tem raiva, tem  chateação, tem “não vou mais falar com ela”. E ainda bem que tem, porque o que seria de mim senão tivesse dividido o quarto com você durante anos? O que seria de mim as experiencias que tive através de você? Pois é, eu não seria nada. Ou seria, mas não teria graça sem você.
   A gente cresceu e só agora estamos dando conta disso. Sua vida mudou, a minha também, e tava difícil - principalmente pra mim -  lidar com tantas mudanças e acontecimentos. Difícil aceitar que tem uma hora que a gente tem que voar, e mesmo que voe pra um lugar distante, sempre volta pra onde surgiu. Difícil enxergar que a boneca cresceu e agora não gosta mais de brincar.
   Eu só queria dizer que não tem ninguém mais do que eu, que torce pela sua felicidade. Não tem ninguém mais do que eu, que é grata pelo presente que você gerou, que herdou da mãe todo o brilho nos olhos e a vontade de viver. 
   O que a vida preparou para nós duas, eu não sei. Só sei que sempre teremos uma à outra, pois o sangue que nos une, é o mesmo sangue que nos abençoa e nos protege.
Que tem uma irmã como a minha, tem tudo.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

O que será, que será?

   Ela chegou. Roubou os planos, os sonhos, a esperança, modificou a vida de todos que estão ao seu redor e não tem o que fazer, há não ser esperar ela ir embora. Mas aí é que está o problema: ela não vai nunca.
   E a gente fica se questionando o porquê de tudo acontecer: por que comigo? Por que com a minha família? Por que passar por tudo isso? A frustração de não ver se realizando, a dor de saber que nunca será realizado. Ela, que veio e levou consigo a alegria, deixou um vazio enorme e agora a gente não sabe o que fazer. Ver tudo prontinho esperando a chegada de alguém que nem se quer nasceu, mas ensinou tanta coisa mesmo ainda dentro do ventre de sua mãe. O amor, que brotou no nosso coração assim que soubemos da sua existência, foi o seu maior presente para nós. Foi vendo aquele ser humano tão pequeno, sereno e extremamente lindo em seu sono profundo, que toda a tristeza e revolta que a situação causou, sumiu. Como poderia está triste sabendo que aquele anjo existiu, independente do tempo que ficou entre nós, e sempre existirá no nosso coração. Cada um tem sua missão na terra e sua existência será até ser cumprida.
   Os dias vão passando, mas parece que estou anestesiada. Os compromissos cada vez maiores, a superficialidade da vida tomando conta da minha. Tanta preocupação por algo tão pequeno, tanto medo por algo tão bobo. Vejo pessoas querendo impor suas opiniões, fazendo de suas vidas uma eterna disputa e percebo o quanto perdemos nosso tempo por besteira.
   A gente perde tanto tempo com o que não devia, que quando acontece alguma coisa ruim, o arrependimento toma conta. Poderia ter dito o quanto amava, o quanto é especial, a sua gratidão, demonstrar carinho. Tanta coisa que podia ser feita e o que fizemos é perder tempo. Ninguém sabe o dia de amanhã, ninguém sabe o que vai acontecer consigo no próximo minuto. 
  Nas últimas semanas, levei dois choques de realidade da vida. Essa dor do luto, só mostra o quanto a vida é surpreendente. Ninguém espera que uma tragédia aconteça de forma tão brutal e triste. A sensação de dormência do mundo ainda está muito intensa dentro de mim. Uma coisa abala a outra e me vejo, mais uma vez, aprendendo a lidar com a minha fragilidade e fazendo de tudo para transmitir meu carinho e força para aqueles que precisam, para que assim, essa mesma força possa me contagiar.
  É difícil demais entender a morte e superar o luto. Difícil mais ainda quando se tem tanta gente fria e superficial ao redor, que só transborda ingratidão e vaidade. Preferem usar as mãos para brigar, do que para abraçar; Preferem usar a boca para falar palavras duras, do que falar coisas boas; Preferem usar a mente para desejar o mal ao próximo, do que torcer pela sua felicidade e realização. Ando tão esgotada de tanta maldade que depois dessa "surra" que levei, percebo o quanto a vida é frágil. A gente deseja tanto, planeja tanto e tudo muda, leva outro rumo.
  Cada lágrima que cai não representa só minha tristeza. Representa a fé agindo dentro de mim. Não sei da onde estou conseguindo tirar força para conseguir lidar cada dia com esses sentimentos ruins, confiando que Deus está cuidando dessa dor e entregando a Ele cada palavra dolorosa que tenho que ouvir, cada mal trato que tenho que passar, cada decepção e tristeza que venho a sentir.
Quem sabe, um dia, as pessoas aprendam a valorizar a sua vida, amando e demonstrando esse amor o máximo que puder, pois quando chega o fim, é só do amor que conseguimos lembrar.
A vida é um sopro.

sábado, 9 de julho de 2016

Renovação

   Eu não estava bem. No auge das pressões dos compromissos que assumi, do estresse e dos poucos segundos de suspiro de alívio, olhei para os lados e pude sentir o peso do tempo passar. E foi estranho: eu ainda estava no mesmo lugar. Tanta coisa mudou, ganhou outras formas, cores, ou simplesmente deixou de ser aquilo que um dia foi.
   Aceitar tanta mudança ao meu redor, no meio do caos, me confundiu da cabeça aos pés. Eu que pedi tanto para o tempo passar, para que as coisas mudassem, não soube lidar com a realização desse pedido, mesmo que tardio. Eu, que nunca soube lidar com o passado, veja só, não estava sabendo lidar com o presente.  Sim, o tempo passou. Mesmo causando tanto sofrendo no passado, hoje vê que a vida seguiu seu percurso me deixou aliviada. A hora chega para todos. Daqui a pouco será a minha vez.
   Feliz pela felicidade dos outros - tenho essa mania. E não importa o que aconteceu entre nós, sempre rezo para que Deus possa agir na vida de todos os Seus filhos. Assim, sinto como sendo a Sua forma de mostrar que nos perdoou dos nossos pecados. Apesar de todos os nossos erros, Ele nos dá mais uma chance de recomeçar.
   E agora que o tempo passou, percebi o quanto a minha vida foi modificada. Em pouco menos de dois anos, irei me formar no curso que sempre sonhei; há quatros anos sai da escola (lugar que achei que nunca sairia); estou na metade da minha missão dentro do ejc, onde achei que não ia ser capaz nem de dar o primeiro passo; Amigas casando, engravidando; Meus primos (mais novos), que na minha cabeça ainda eram crianças, estão passando da faixa dos doze anos; Até que olhei pra mim e percebi que já não tenho mais dez anos, nem dezoito: tenho vinte e um.
   Tanta informação, cobrança, críticas e muitas outras coisas, fez surgir em mim uma série de dúvidas e uma necessidade de redescoberta ou, simplesmente, renovação. No meio de tanta coisa acontecendo na minha vida, eu me perdi de mim mesma.
   Demorei, lutei contra, mas como eu sempre penso e acredito: "Quando tem que acontecer, pode até demorar, mas acontece". Tive que passar alguns dias longe da minha realidade, para perceber tudo aquilo que me fazia mal.
   São fardos desnecessários, que causaram estragos profundos em mim. Pude sentir de novo a tranquilidade voltar a reinar no meu coração, onde agora, muito mais que antes, posso compreender tudo que aconteceu e acontece em minha vida e ouvir a vontade de Deus.
   É muito encantador ir para um lugar e, em tão pouco tempo, ser aceita exatamente como se é. Conhecer pessoas de coração puro ajudou a purificar o meu. Saber lidar com o próprio silêncio me fez ter consciência de muita coisa dentro de mim. Sentir o carinho das pessoas com uma (então) desconhecida, me fez perceber que nem aqueles que me conhecem desde que nasci, me tratam como essas pessoas me trataram. Mendiguei tanto amor por anos, que fui agraciada sem nem saber se merecia de fato. Talvez seja esse o motivo de tanta dor na hora da despedida: sei que não terei isso quando voltar a (minha) realidade. E choro e continuarei chorando até voltar a me acostumar com a frieza que tenho que conviver diariamente.
A cicatriz, finalmente, parou de doer. Agora é apenas uma lembrança de algo que, o que tem de belo, tem de doloroso. As várias tentativas de mexer na ferida, achando que assim descobriria algo novo, só piorou aquilo que não tinha mais solução. Era o fim e necessitava ser imobilizado para que possa ser tratado. Durou tanto tempo que pensei que não teria cura, mas teve. Hoje estou curada do que um dia me destruiu. Juntei meus cacos e me reergui. Me tornei a pessoa que tinha que ser, e mesmo com tanta tristeza, não desarmo o sorriso. Abri os olhos e vi a grande oportunidade de ser feliz, que há um longo tempo já estava ao meu redor, mas demoramos para enxergar que é bom pra gente pode estar ao nosso lado (literalmente).
   Querendo ou não, o tempo passa. Só resta plantas bons frutos para colher coisas boas.

terça-feira, 17 de maio de 2016

   Eu queria - juro que queria -, mas algo vai além. Aceitar a realidade é dar adeus ao sonho. Como água e óleo, os dois não podem se misturar. E por mais que eu corra na direção, algo me impede de chegar ao meu objetivo. Cai, levantei. E esse ciclo vem se repetindo há um bom tempo.  Até que de tanto cair, não estou conseguindo me levantar mais. A desesperança tomou conta de mim. Estou no deserto e a unica fonte de água está cada vez mais distante. Ao meu redor, só ouço palavras duras que volta e meia dançam no vento em torno da minha cabeça. O medo, a fome de viver, a sede de lutar. Me transformei em poeira. Insisto em continuar no lugar de onde me varreram. Insisto, pois, a ilusão de que terei um final feliz é maior do que o presente, que não foi o que escolhi. Ora, eu não sou uma mocinha de conto de fadas. Eu existo! E só por existir, devia conseguir enxergar em si o brilho e a vontade de ser, quem sabe, a mocinha que tanto sonhou.

sábado, 7 de maio de 2016

Desistência

   Todo dia virou uma luta. Acordar, ter todos os motivos para nem se quer sair da cama, mas alguma coisa a faz levantar e viver. Viver, que as vezes parece tão difícil, se torna a única opção que lhe cabe. Sonhar, que sempre foi sua maior alegria, hoje o medo lhe impede de sair um pouquinho do chão. 
   Por trás de tanto sorriso, existe alguém cansado de ser quem é. Quem me ver sorrindo por aí, não sabem o quanto é difícil continuar de pé, depois de tudo. Depois das humilhações, depois dos deboches e da maldade alheia. Entenda: para uma pessoa que sempre acreditou que "você recebe o que dar", ver tanta gente agindo de má me assustou. Assustou, porque apesar de todos os defeitos que eu tenho, uma coisa que eu posso afirmar é que nada do que eu faço tem uma intenção ruim. Talvez seja o problema. De tanto "sem querer" e desatenção as coisas aconteceram e nem todas tiveram finais felizes. 
  Há um misto de felicidade e tristeza, que uma hora ou outra me domina. Lidar com sentimentos inconstantes assim não é fácil, por isso que muitas vezes me escondo. Alegria contagia, tristeza também. E de tanto esconder, fingir que está tudo bem, algo explodiu dentro de mim. Definitivamente, não está tudo bem. 
   Ando para todos os lados, mas a vontade de desistir continua surgindo na minha frente. Ultimamente, me sinto uma palhaça que perdeu a graça (e todas as comparações ridículas possíveis haha). Me sinto esgotada de tanto me doar e só receber patadas em troca. De tanto querer a felicidade do outro, perdi o caminho a minha. Parece que sou um depósito de histórias e angústias dos outros. O fardo do outro está pesando mais em mim do que nele.  De tanto querer ajudar, agora sou eu que preciso de ajuda.
  Tem horas que me sinto completamente sozinha. Sozinha com quem eu queria ser, com quem eu sou e com quem não serei mais. São tantos 'não', tantas expectativas sendo frustradas, tantos sonhos sendo deixados de lado. Surge aquela vontade de quando se é criança, de sair correndo e se esconder só pra ver quem te acha primeiro. 
   Não consigo entender porque cobramos tanto do outro algo que nem nós conseguimos realizar, seja o que for. Não consigo aceitar que ainda existem pessoas que fazer de tudo para que o outro seja tão infeliz quanto ele. Não consigo acreditar quando vejo alguém que diz que ama, agindo de má fé com o ser amado. As pessoas não sabem mais demonstrar que ama, é isso?
  Depois de tanta exaustão, aconteceu o que eu menos esperava: me tornei um nada. Não reconhecia quem via no reflexo do espelho. São tantos medos, tantas dúvidas, tantas angústias, já ofereci as duas fases e ainda parece insuficiente aos que me atentam. Percebi que a luta que enfrentava não era contra o mundo, era, principalmente, contra a mim mesma. Pior do que esperar do outro e se decepcionar, é frustrar-se com si mesma.  
  Por isso, não achem estranho o meu silêncio. As vezes, precisamos nos calar para ouvir o coração. É na esperança que um dia será melhor que o outro que continuo acreditando que esses sentimentos ruins vão cessar. Muitas pessoas dependem de mim e saber que estou ajudando alguém trás uma sensação de "dever cumprido", mesmo que alguns aproveitem da minha boa vontade. Não é culpa minha se a pessoa não sabe cuidar do que possui. Uma lição que a vida me ensinou foi enxergar algo bom nas pequenas coisas e acreditar que tudo vai melhorar. É isso que ainda me mantém viva. 
   Estava lendo a bíblia quando me deparo com a seguinte passagem: "Feliz o homem que suporta a tentação. Porque depois de sofrer a provação, receberá a coroa da vida que Deus prometeu aos que os amam." (Tiago 3, 12-15). E desde então, sinto como se Alguém estivesse me colocando no colo e curando as minhas feridas, uma a uma. E está!


Mas tu sabes também
Que o meu choro é sincero porém
Não tenho nada a oferecer, meu Senhor
Mas te dou a minha vida

É tudo que tenho
Recebe o meu nada
Refaz a morada
Habita em mim
(Minha essência - Thiago Brado)

terça-feira, 29 de março de 2016

O disfarce

   É isso. Eu olho pra você, sinto meu coração quase pulsar pela boca, mas tiro os meus olhos da sua direção, só para não vê o meu sorriso ir de encontro ao teu. Só para não sentir meu corpo se tremer com a sua presença. Só para não lembrar de quantas risadas nós demos, do quanto fomos felizes, apesar de tudo.
   Apesar da ausência, apesar da dúvida, apesar do medo, apesar da desconfiança, apesar do desejo. Daquilo que estava surgindo dentro de mim e de você, que só Deus sabe o que é. O mau foi cortado pela raiz, mas não quer dizer que foi esquecido. Aquilo que existiu, que cresceu em nós, foi arrancado para o nosso próprio bem... Será?
   Porém, se eu te disser que podíamos ter sido felizes? Que nosso futuro tinha tudo para ser cheio de amor? Se eu te disser que não sou igual às outras que te fizeram mal, que eu só queria te fazer feliz, ia adiantar? Se eu disser que mesmo depois de tanto tempo e de tantos obstáculos no nosso caminho, eu ainda penso em você? Ia adiantar?
   É tão fácil dizer que não gosto mais de você! Fácil rir das brincadeiras dos amigos, de fingir que não me importo se você já tem outro alguém. Consigo até fazer piadas sobre como será seu futuro sem mim, sabia? Quem vê assim, até acredita que seja verdade. Ninguém olha no fundo dos meus olhos e percebe que tem uma lágrima que sempre insiste em cair quando penso na possibilidade de você está com alguém, ninguém sente a dor que eu sinto quando tenho que ouvir sobre um passado que parece tão distante, mas você está aqui na minha frente. Ninguém consegue nem imaginar o efeito que causa em mim só de ouvir seu nome. Ninguém nem se quer suspeita que eu faço um esforço enorme para não ir atrás de você, para não gritar aos quatros cantos que eu sou tua, basta você perder esse medo. Ninguém imagina que por trás do meu sorriso e da minha pose de não-me-importo-com-você, está uma mulher que só quer sentir seu beijo novamente, sentir seu abraço, sentir que você ainda me pertence. Certo, vamos ser sinceros aqui: você nunca me pertenceu, mas o bem que trouxe para minha vida e a sensação de plenitude não tem como explicar.
    Nós não nos despedimos. Simplesmente, acabou. Como o sol que se põe, como a chuva que cai, como a porta que fecha. Quando vi, já não te via mais. Quando reparei, já havia quilômetros nos separando. E agora, eu tenho que conviver com as palavras que não foram ditas, os beijos que não foram dados, o amor que não foi correspondido. Seu medo nos afastou.
  Ah, mas quem se importa? Continuo aqui seguindo a vida, sorrindo, fingindo que sou indiferente a ti. Você, que é tão seguro e maduro para tantas coisas, é um menino medroso quando se trata de amor. Mas eu entendo: sentir que é amado de verdade assusta mesmo.
   As pessoas perguntam o que vi em você que não vejo em mais ninguém, e eu respondo: vi a minha esperança no amor sendo renovada, vi que eu podia sentir meu coração pulsar de novo, vi que eu podia ser muito mais eu só para te fazer feliz. É difícil te encontrar e agir como se fosse qualquer outra pessoa, mesmo sabendo que você é muito melhor que a maioria delas. É difícil te tratar como "mais um", se para mim você foi o único. É cruel demais matar diariamente o que eu sinto por ti. É uma tortura te olhar nos olhos e te abraçar (mesmo que por alguns segundos) e depois agir como se nada tivesse acontecido. Aconteceu: você me cativou! E mesmo sem ter nenhuma culpa, te trato como vilão da minha historinha só para tentar te esquecer mais rápido, mesmo sabendo que as todas tentativas são em vão.

PS: Se um dia conseguir olhar no fundo dos meus olhos vai perceber que, apesar de tudo, meu coração ainda é seu.

domingo, 13 de março de 2016

Conselho de amiga

   Uma vida de abandonos nos impede de tentar algo novo. Seja por medo de perder novamente aquilo que nos parecia seguro ou seja porque não está acostumada com a tal felicidade que todo mundo vive estampando por ai. Não me entenda mal, eu sou feliz. Tenho casa, tenho comida, tenho saúde e alguns amigos que conseguem me aguentar. Mas falta mais. Falta algo que vejo pulsar na vida dos outros. Falta um sorriso sincero, falta confiança, falta amor, falta simplicidade. Falta ser mais leve, falta ter coragem de buscar uma coisa que sirva verdadeiramente para mim e não tirar o que pertencia à outra pessoa. As inúmeras tentativas de roubar a felicidade alheia, quase todas funcionaram. Eu consegui o que queria. Mas cadê a tal felicidade que as pessoas sentem? Poxa, você estava fazendo ela feliz, então me faça feliz também, vai! Agora! O que? Como assim já acabou? Nem começamos! Vem, vamos tentar de novo! Vou fazer tudo que ela fazia por você para que você goste de mim como gostava dela. Não, espera ai. Eu tenho que fingir ser outra pessoa para ser amada de verdade até quando?
   Se você se identificou com isso que acabei de escrever, tenho a resposta para ti: a tal felicidade que você tanto busca só vai chegar quando a leveza da alma for igual a leveza do coração. Inveja, ciúme, maldade, isso é muito pouco para uma pessoa tão grande. Não deixe que o medo de ficar sozinha seja maior do que a sua capacidade de ser feliz, sem depender de ninguém. É muito fácil amar outra pessoa. Difícil é nos amar, nos perdoar e, principalmente, nos aceitar do jeito que somos, porque não tem nada mais prazeroso do que o amor próprio. Se você continuar olhando o outro viver, quem está deixando de viver é você.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Ciclos

   Para mim, o ano novo só começa depois do dia do meu aniversário. Um dia como outro qualquer para todo mundo, menos para mim. Nos dias que antecedem, só serve para refletir tudo que já aconteceu durante todos esses anos de vida e, no dia, ter a certeza que apesar de tudo, vale a pena viver.
   Esse ano, comecei a ver a data do meu aniversário como início e fim dos ciclos da minha vida. É tão difícil perceber que não fazemos mais parte da vida do outro, não é? Que todo o apego, carinho se transformaram em lembranças de um passado que não volta mais. É doloroso dizer adeus para uma pessoa ou uma situação no qual você conviveu por anos, que passou por vários momentos. E quando nem se quer se despedimos? É o que acontece com os amigos que achamos que seriam eternos e agora nem se quer sabemos se estão vivos. É o que acontece quando nos acostumamos com a ausência.
   Isso acontece, pelo simplesmente fato de que estamos mudando a todo momento. Fui uma pessoa ontem, hoje já sou outra e amanhã não sei quem serei. Os outros também são assim. E um dia, a música não tem mais graça, o papo perdeu o interesse, o carinho acaba, o fim chega. Cada fim na nossa vida, abre uma porta para o novo, para aquilo que ainda não sabemos se será bom ou ruim. Nesses últimos anos, eu achava que tinha perdido as pessoas que eu mais amava. Com o passar do tempo, percebemos que só perdemos aquilo que não nos pertence. E pode passar muitos anos, o que é nosso, permanece.
  Foi triste perceber que muitos ciclos foram encerrados. Alguns de forma natural, outros nem tanto, uns que a cicatriz ainda não estão cicatrizada. O mais triste foi perceber que a causa da maioria dos distanciamentos foi a falta de sinceridade. É, muito difícil ser verdadeiro com quem não é com a gente. E antes eu me sentia mal, achando que teria culpa pela mudança ocorrida no outros. Sempre boba, pois é. Agora entendo e respeito cada momento que eu passei e passo na minha vida. As vezes não tem explicação, chegou ao fim e ponto. Como se cada um tivesse um tempo exato na vida do outro e quando esse tempo acaba, a despedida nem sempre é fácil. Porém, com tantos fins, chegam os começos, o novo. Chega um abraço novo, um sorriso, um olhar, uma amizade, um amor. Não substitui nem faz esquecer o passado, entretanto nos faz lembrar que cada dia temos a oportunidade de mudar a nossa vida, seja para melhor ou para pior. Só cabe a nós escrever a nossa própria história. O medo de ficar sozinho existe, mas nós sabemos que a solidão é fundamental para o coração daqueles que amadureceram com as perdas e ganhos da vida. Uma forma de Deus nos mostrar que precisamos nos amar para conseguir amar o próximo.
   Demorei muito, mas aprendi a enxergar a vida como ela é: só se torna impossível se a gente quiser. Hoje eu sei que tive momentos maravilhosos com todas as pessoas que passaram na minha vida, e apesar de algum sentimento ruim causado por elas, o que vale é saber que nunca deixei de ser eu mesma. Amadurecer também é dizer adeus. Amadurecer é aprender a viver com a ausência do outro. Amadurecer é enxergar a verdade, mesmo que doa, mesmo que seja lamentável. Amadurecer é se permitir ao novo, se permitir a se conhecer melhor. Amadurecer é entregar a Deus a sua vida e saber que nada é em vão. Se não é alegria, é aprendizado.
   Esse aniversário foi diferente. Pude sentir a presença de cada um esteve comigo, mesmo aqueles que a distancia física impedia o abraço. Senti, com o coração apertado e ao mesmo tempo sereno, que estaremos sempre juntos, mesmo que seja na lembrança de cada um. Por isso, não polpo carinho, não sei economizar risada e alegria. Que dure o tempo que for, mas que seja eterno até o fim. Um dos meus pedidos a Deus foi que Ele cobrisse o seu manto cheio de sabedoria em cima de mim, para que eu saiba decidir o que é melhor de acordo com a vontade Dele.
   Continuo aqui, amando e me entregando a todos que passam na minha vida, afinal, só podemos dar aquilo que temos. No meu coração só tem amor, gratidão, carinho e respeito. Fica quem quiser. Fica quem, assim como eu, acha que vale a pena, apesar de tudo.
   "Deus é especialista em construir pontes onde surgem abismos."

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Quem é você?

   Passam seis meses, dez anos, vinte e um... e você não sabe quem é quem. Talvez você terá a vida a toda para tentar descobrir quem são as pessoas que existem ao seu redor. O problema das pessoas que tem um bom coração, é que elas são usadas o tempo todo por aqueles que não conseguem ter um sentimento bom dentro do peito.
   Pois é, então se acostumem. Aquele amigo que te traiu, aquele namorado que te machucou, aquelas palavras que você ouviu e doi até hoje, tudo isso você não vai esquecer, por mais que você tente. Talvez pare de pensar nisso todos os dias, pare de falar para seus amigos, mas, esquecer? Não vai. Porque lembrar do quanto você foi enganado doi demais. Perceber o quanto se doou para que aquilo (seja qualquer tipo de relacionamento) desse certo e ver que só você fez isso.
  Problemas, decepções, tristezas, tudo isso se repete inúmeras vezes nas nossas vidas. Serve para nos amadurecer, crescer. E parece que, quanto mais você busca tranquilidade, mais problemas irão surgir. A verdade está ai, batendo na nossa a cara a todo momento, mostrando tudo que um dia, por mais que demore, a mentira mascarou. Por isso que aprendi a não me preocupar com a mentira: sei que ela vai ser descoberta logo. E por mais que doa, e doi muito, ela vai está na nossa frente, nua e crua, como sempre devia ser.
    Eu não consigo entender o que se passa na cabeça de uma pessoa que sustenta mentira como se ela fosse uma verdade. Não entendo pessoas que fingem ser uma pessoa só pra agradar a outra, mesmo sabendo que essa outra te ama e te aceita do jeitinho que você é. Não entendo uma pessoa que não é sincera com a outra, principalmente quando essa outra é totalmente sincera com ela. E não venha me dizer que é medo de perder, porque não é.
  Acho que por mentir tanto, percebi o quanto incomoda conviver com uma história falsa. Então eu parei, e desde então, cometo o erro de ser sincera até demais. Falo dos meus sentimentos até para gente não sabe o que é isso, acredita? Pois é. Digo que é erro, pois nem todos sabem lidar com uma pessoa verdadeira.
   Entretanto, fico pensando aqui: que culpa tenho eu se a outra pessoa não sabe lidar com a verdade que ela é? Porque ela pode mentir e esconder pra todo mundo, mas ninguém engana a si mesmo. Tenho que aprender a ser 'menos' com quem é 'menos' comigo. Não é questão de egoismo, é questão de reciprocidade. Demorei demais pra entender e praticar essa palavra na minha vida, mas agora que ela já faz parte, então que a morada seja permanente. Eu te desejo exatamente aquilo que você deseja para mim. Eu quero ser pra você o que você é para mim. Então, se eu te trato tão bem, se sou feliz por ter você em minha vida, não espere que eu vá disfarçar, porque eu não vou. Porque o meu amor pelo outro é tão imenso, que não cabe em nenhum esconderijo.
   Peço todos os dias a Deus para que Ele conforme o meu coração com as rasteiras que a vida sempre vai dar. Que essa dor que eu sinto por algo que deu errado, se transforme em sabedoria. Que cada lágrima derramada seja um presságio de lindos sorrisos que estão por vir. Não é por nada não, é que eu sou quero ser feliz.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Mais uma vez

   Mais um para a coleção dos que prometeram e não cumpriram. Me sinto tão frágil, limitada, esgotada, exausta. É tão angustiante você se entregar (apesar dos medos e traumas) a um sentimento e perceber que só você viveu aquilo (quantas vezes eu já disse isso?). Que o outro, apesar de dizer que sim, não estava tão inteiro assim. Falava tanto, prometia o mundo, tentou de todas as formas conquistar, e quando conseguiu te enxergar por inteira, desistiu, sumiu. E eu? E o que eu sinto? Tão fácil provocar vários sentimentos em outra pessoa, difícil mesmo é permanecer. Ficar. Insistir. Persistir. Lutar. Tentar. Realizar. Conseguir.
   Parece que atingi o meu limite. Achei que rir da minha própria desgraça ajudaria. Criei um mundo dentro da minha cabeça. Achei melhor pensar que "não pode ser" do que "mais uma vez a história se repetiu". Acho que assim fica mais fácil de suportar a dor. Eu sei que se esconder da verdade só adia o sofrimento, mas eu não consigo acreditar que eu tenho que passar por tudo isso de novo. Poxa, você sabia que a ferida ainda estava aberta, por que machucar ainda mais? Por que não ser o homem de verdade que dizia ser? Por que não ser sincero? Acho que o fim seria menos dolorido.
   To carregando a culpa por ter deixado me envolver com uma pessoa que eu sempre soube que não era pra mim, que falava uma coisa e fazia outra. Me sinto naufragada no meu fracasso. Vida pessoal, amorosa e profissional. Que lixo eu virei. Meu coração não consegue acreditar que fui atingida por quem eu menos esperava. Agora to aqui, congelando no gelo que meu coração se tornou. Quero voltar a ser aquela pessoa antes de te conhecer. Não sofria tanto, pelo menos.


segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Acho que enfraqueci

   A doença do corpo não compara com a dor que carrego no peito. Essa dor que veio de três, quatro meses atrás, que começou a acumular e agora dominou meu coração. Foram uma sequencia de chibatadas na carne e mesmo assim continuei em pé. Porém, os últimos golpes foram quase fatais. Traição, decepção, mentira, inveja, desconfiança, culpa,raiva, desprezo, ódio, pena, mágoa. Tudo isso começou a surgir e não deu para controlar. Sou forte para ajudar os outros, mas sou fraca e não sei me ajudar. Virei a “Senhora Otária” ou a mais nova palhaça do circo chamado vida. Fui humilhada e enganada por quem eu menos esperava e mesmo assim, mesmo sabendo de tudo, eis que ainda abraço quem enfiou uma faca nas minhas costas. Eis que me preocupo e, por incrível que pareça, tenho vontade de ajudar a pessoa que não pensou em mim quando me traiu. Se decepção virar moda, eu vou ser a top das blogueiras.
   Deus sabe o quanto eu me esforço para não desistir dos planos Dele, mas está tão difícil. Me envergonho tanto em sentir esse medo, se há menos de um mês eu ajudei a acalmar tantos corações sendo instrumento do Senhor, mas é tanta dor que carrego, que o fardo pesou mais do que devia. Queria parar de lembrar de tudo, mas não consigo. Olho para todos os lados e só vejo o quanto fui burra, tola, idiota. O quanto me doei para perceber que foi em vão. Achei que a distancia pudesse melhorar e eu ia finalmente entender o que é ser amada, mas não foi assim. Acho que não terei essa sorte. Um beijo, um abraço, um esforço para mostrar que se importa... para a primeira oportunidade deixar todo esse laço se soltar. Um banho de agua fria no coração.
   Ter tanta gente dependendo de mim me deixa tão impotente. Primeiro, porque sei que não tem como agradar a todos, e, segundo, porque por mais que eu queira, e eu quero muito, não tem como querer pelo outro. Todavia, eu me preocupo porque o amor que tenho por eles é um amor que talvez eu nunca possa sentir de verdade, de ter o prazer de carregar no ventre, porém, só por passar por essa experiência e ter que aguentar tudo, defender quantas vezes forem necessárias, já me sinto uma mãe completa.
Sinto que meu coração foi quebrado. As poucas alegrias que sinto são os pedacinhos que restaram. Não sabia que o fracasso pesava tanto.
   Queria tanto conseguir perdoar e voltar a sentir meu coração bater de alegria. Queria tanto voltar a sentir a paz que fazia morada no meu coração. Me sinto tão fraca, tão suja, tão enganada. Não sei mais em quem confiar e, os que não merecem confiança, não consigo acreditar que seja verdade o que aconteceu. Só queria sumir, esquecer tudo que aconteceu, as ilusões, as dores, os “amores” e começar um 2016 mais leve.

   O ser humano está sendo mais forte que o espirito de amor. Me perdoa por está tão fraca, mas te entrego cada dor que sinto para que possa cuidar e, principalmente, cicatrizar. Me faz uma obra nova, Senhor! Renova-me! Purifica-me! Eu te imploro, Senhor! Tira tudo isso de ruim que está poluindo meus pensamentos. Enche-me de Tua graça. Segura a minha mão, me deixa sentir Teu poder na minha vida. Que cada gota derramada por mim se transforme em prova de que Deus é misericordioso com a sua tão humilde serva.