Sinto um enorme desconforto no coração. Talvez seja um
incomodo passageiro ou talvez seja uma forma que ele encontrou de chamar
atenção. Não sei. Só sei que há algo que eu quero falar, há algo que eu quero ouvir,
mas não sei o que possa ser. Está faltando alguma coisa na minha vida e não
enxergo o que é. Procuro em todos os lugares essa sensação de plenitude e só vejo tragédia, dor e confusão. Sinto falta dos momentos
de felicidade que pareciam ser eternos, do sorriso escancarado no meu rosto
que o deixava mais bonito e sinto falta da pureza que vivia em mim, e que ainda
vive, mas não sei onde está. Deve está escondido por trás dessa pessoa que me
tornei.
Quando falo assim, dá a entender que eu virei uma pessoa
ruim. Bom, não sei. Só sei que eu imaginava ser bem melhor que sou hoje. Ou
menos complicada, tensa, grossa e piedosa. Os princípios que antes eram
seguidos cautelosamente, hoje nem lembro quais são. Estranho ouvir quando
alguém diz que eu mudei. Mais estranho ainda quando eu olho pra mim mesma vejo
a certeza disso. Não significa que isso é ruim, até porque as mudanças servem
para nos ajudar a crescer e amadurecer. Estou longe de ser uma pessoa madura e
equilibrada como imaginava que seria, mas sei que cresci muito. Chega a ser contraditório,
entretanto é a mais pura verdade.
Tanta coisa aconteceu, tantas mudanças seguidas uma atrás da
outra que, quando paro para pensar e refletir sobre tudo e todos, fico tonta
com tanta informação. Em menos de um ano, parece que minha vida virou um
furacão ou uma roda gigante que não para de girar. Um dos meus maiores sonhos
de criança era ser uma adulta de verdade. Nunca gostei de meias verdades, de
histórias pela metade. Achava que eu ia crescer e virar uma mulher digna de
admiração e respeito. Quando eu realmente cresci (na idade), vi que a criança
que eu era não ia admirar a mulher que virei. Não por ser má, mas pelo fato de
ser tão complexa. Exagerada.
Vejo os meus amigos e neles encontro meu ponto de equilíbrio
e beleza na vida. Vejo que cada um está seguindo sua vida e o quanto cresceram
com suas escolhas e consequências. E vejo que eu também cresci, junto com eles.
Eu não sei lidar com o mau. Com gente má, com rodas de
fofocas sobre a vida de alguém que não vai modificar em nada na minha vida, com
pessoas querendo dizer o que se pode ou não fazer com sua vida. Te julgam por
ser quem é de verdade. Te crucificam por querer uma coisa que eles não querem,
como se fosse obrigado a ser como todos são. Infelizmente, não fui padronizada.
Não penso igual aos outros e não ajo como tal. Me dói muito quando tenho que
agir segundo essas pessoas, pois não posso desacatá-los. Espero sair dessa
prisão de dependência e morte. Torço
para que o medo não me impeça de viver e que a coragem seja raizada na minha
vida. Só assim serei feliz.
Eu tenho que parar de ser assim, de agir assim, de querer
assim. Tenho que aprender a controlar meus medos e ser eu mesma.